Dados do Trabalho

Título

Perfil de saúde periodontal e da qualidade de vida relacionada a saúde bucal em diferentes fenótipos da hipertensão arterial.

Introdução

A doença periodontal (DP) é uma doença crônica inflamatória multifatorial causada por uma disbiose da microbiota oral. Por conta de seu caráter comórbido, estudos suportam uma relação positiva e bidirecional entre a ela e a hipertensão arterial sistêmica. 

Objetivo

Avaliar a relação entre a DP e a qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB) com a doença arterial hipertensiva e o perfil de risco cardiovascular. 

Método

Trata-se de um estudo transversal com 125 participantes sendo 20 pré-hipertensos, 60 com hipertensão essencial e 40 com hipertensão resistente (HAR). Todos foram submetidos a um protocolo padrão com registro de dados sociodemográficos, fatores de risco cardiovascular, aferição da PA, avaliação da QVRSB por meio do questionário OHIP-14 (utilizando a mediana da pontuação como ponto de corte: ≤ 8 e > 8). Foram realizadas análises bivariadas comparando as características dos participantes de acordo com os valores do OHIP-14 e grau da DP. A saúde periodontal foi avaliada pelo periograma, classificado em: Ausência de DP, DP grau I, II e lll e grau C. Estudo aprovado pelo CEP do 14/05/2021 sob o CAAE nº 41962921.9.0000.5284.

Resultados

: Hipertensos resistentes são mais velhos (51 ± 9 anos), negros/pardos (75%) e 45% têm baixa renda, além de apresentarem uma maior prevalência de diabetes (43%), dislipidemia (73%) e doença cardiovascular (DCV) prévia (25%), sobretudo doença cerebrovascular (17,5%). Quando comparados aos pré-hipertensos, apresentam maior pontuação no OHIP (8 [4,25-18,0] vs 6[0-6,0), p<0.05) e maior prevalência de DP grau C (50% vs 24%, p<0.05). A prevalência da DP estágios II e III aumenta com a gravidade da hipertensão arterial, embora sem significância estatística. DP moderada e grave (estágio II e III) foi mais prevalente em participantes mais velhos (78%), com baixa renda (42%) e DCV e cerebrovascular prévias (15% e 22%, ambos p<0,05). Pior QVRSB (OHIP>8) foi evidenciada em pacientes mais sedentários (66% vs 42%, p=0,01) e com maior % de perdas de elementos dentários (27%[9-63] vs 15,5%[4,5-29,5], p=0,006) e DP generalizada (47% vs 13%, p=0,019).

Conclusão

A severidade da doença periodontal está associada a um perfil cardiovascular desfavorável, refletido na gravidade da hipertensão arterial e história de doença cardiovascular. Além disso, está ligada a uma baixa qualidade de vida bucal, especialmente em sedentários, obesos e com doença periodontal generalizada.