Dados do Trabalho

Título

FATORES ASSOCIADOS À HIPERTENSÃO MASCARADA NÃO CONTROLADA EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA

Introdução

A hipertensão mascarada não controlada (HMNC) é diagnosticada em pacientes hipertensos tratados, que têm a pressão arterial (PA) controlada no consultório, mas não controlada fora dele. Quando comparados à população geral, pacientes com doença renal crônica (DRC) possuem maior prevalência desta condição, o que pode implicar em aumento dos riscos cardiovascular e renal, que já são elevados nestes pacientes. Identificar os fatores preditores para HMNC em pacientes com DRC, portanto, pode ajudar na decisão de quando é necessário avaliar a medida da pressão arterial fora do consultório.

Objetivo

Avaliar preditores de HMNC em pacientes com DRC não dialítica, acompanhados em ambulatório de nefrologia em hospital de nível terciário/quaternário.

Método

Estudo observacional e transversal, com pacientes selecionados de forma consecutiva em um ambulatório de nefrologia, no período de 2017 a 2023. Foram selecionados pacientes com hipertensão arterial (HA) e DRC, definida pela taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) pelo CKD-EPI < 60ml/min/1,72m2 e/ou relação albumina/creatinina na amostra isolada de urina > 30mg/g, e que tinham PA controlada no consultório (< 140/90 mmHg). Realizada medida ambulatorial da PA (MAPA) de 24 horas, tendo sido os pacientes classificados em dois grupos: hipertensos controlados (HC) ou HMNC. Coletadas informações relativas a dados epidemiológicos, clínicos, antropométricos e laboratoriais. Após comparação, desenvolvido modelo de regressão logística para análise da predição das variáveis.

Resultados

Foram avaliados 220 pacientes com DRC (TFGe média 40,8 ± 21 mL/min/1,73 m2), sendo 111 classificados como HC e 109 como HMNC. Observados maiores valores da PA em consultório nos pacientes classificados no grupo HMNC, tanto sistólica (127 vs 125 mmHg, p=0,06) quanto diastólica (75 vs 72 mmHg, p=0,01).  O grupo com HC teve maior índice de massa corporal (IMC) quando comparado ao HMNC (28 vs 26 Kg/m2, p<0,01). Já o grupo HMNC apresentou maior microalbuminúria (275 vs 69 mg/g, p<0,01). Em modelo de regressão logística, destacaram-se como variáveis preditoras do fenótipo de HMNC, a pressão arterial diastólica (PAD) no consultório maior que 75mmHg (Odds Ratio [OR]: 1,93, IC95% 1,03-3,64; p=0,04), IMC menor que 25Kg/m2 (OR: 2,21, IC95% 1,08-4,52; p=0,03) e microalbuminúria maior que 300mg/g (OR: 3,26, IC95% 1,71-6,19; p<0,01).

Conclusão

As variáveis preditoras de HMNC nos pacientes com DRC foram: PAD maior que 75mmHg, IMC menor que 25Kg/m2 e microalbuminúria maior que 300mg.