Dados do Trabalho

Título

Aplicativo de celular (Pressão na Boa) para auxiliar no tratamento de pessoas com hipertensão no cenário brasileiro: um estudo de usabilidade.

Introdução

Intervenções com aplicativos (APPs) despontam como uma forma inovadora e efetiva no controle da hipertensão arterial sistêmica (HAS). Entretanto, pouco se sabe sobre a usabilidade desses aplicativos em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Objetivo

Investigar o engajamento e a percepção de usuários de um APP brasileiro voltado para o manejo da HAS.

Método

Trata-se de um estudo com abordagem mista, com dados secundários de um ensaio clínico randomizado. O APP “Pressão na boa”, com ferramentas voltadas para os componentes de adesão ao uso de medicamentos, monitoramento da pressão arterial (PA) e promoção/monitoramento da atividade física (AF) e educação em saúde, foi utilizado durante uma intervenção de oito semanas. Para os dados quantitativos, foi analisado o uso das funcionalidades de automonitoramento da PA e diário de AF ao longo das oito semanas de estudo. Para os dados qualitativos relacionados à percepção do usuário quanto ao APP foi realizado um grupo focal (GF), com roteiro semiestruturado, sendo empregado o método de análise temática. 

Resultados

No total, 24 participantes (57,2 ± 14,0 anos; 58,3% homens) utilizaram o APP. O total de participantes que realizaram registros de PA e/ou AF na primeira semana foi 19 (79,2%) e na última 10 (41,7%). Houve uma queda de 41 (46,6%) registros para PA e de 55 (51,9%) registros para AF ao final da intervenção (figura 1). Quanto ao GF, sete indivíduos participaram. No eixo “Usabilidade, engajamento e uso das funcionalidades”, a maioria ressaltou a importância das funcionalidades do APP para realizar o manejo da doença, sendo apontado, em contrapartida, fontes pequenas nas seções e muitas informações agrupadas, prejudicando o uso. Foram citadas como barreiras de uso o feedback negativo ao registrar valores elevados de PA, e o viés de memória para a funcionalidade de AF. No eixo “Aceitabilidade e percepção do sistema” a maioria dos participantes mostrou-se receptivo com o APP, mas a falta de afinidade com tecnologias foi a principal barreira de uso reportada. Outras barreiras apontadas foram a falta de tempo, limitações funcionais, desmotivação e cognição.     Figura 1. Uso semanal das funcionalidades do aplicativo

Conclusão

Um APP brasileiro voltado para o manejo da HAS apresentou alto desgaste de uso, mostrando-se, portanto, com pouco potencial de engajamento durante oito semanas. No entanto, o APP foi bem avaliado pelos participantes, sendo considerado útil para melhorar os valores PA, níveis de AF e educação em saúde.