Dados do Trabalho

Título

RELAÇÃO DE DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS NO PROGNÓSTICO DE PACIENTES COM COVID-19

Introdução

A pandemia da COVID-19 teve grande impacto no cenário mundial, aumento da morbidade e mortalidade. Como doença infecciosa, acomete principalmente o sistema respiratório, com gravidade variável. Comorbidades pré-existentes, como diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) conferem pior prognóstico. 

Objetivo

O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre DM e HAS com o prognóstico dos indivíduos internados com COVID-19 em um hospital universitário. 

Método

Estudo retrospectivo de pacientes com COVID-19, idade superior a 18 anos. O diagnóstico de COVID-19 foi feito por teste com swab nasal-orofaríngeo ou teste de antígeno. Foram avaliados: perfil epidemiológico, clínico-laboratorial e desfechos: ventilação mecânica invasiva (VMI), insuficiência renal aguda (IRA), diálise e óbito no ano 2020. A análise dos dados usou o Software SPSS, com estatística descritiva, testes de Mann-Whitney e qui-quadrado, considerado significante p<0,05. 

Resultados

Foram analisados 395 pacientes, gênero masculino (54%), prevalência de HAS e DM de 50% e 32%, respectivamente. Óbito e evolução para IRA ocorreram em 104 (26%) e 94 indivíduos (24%), respectivamente. A média de idade dos pacientes que desenvolveram IRA foi 65±14 anos, superior aos que não desenvolveram IRA (p<0,001), com taxa de filtração glomerular inicial (TFG=57±27 mg/dl) como forte marcador de risco. Houve diferença de idade entre portadores e não portadores de HAS (65±14 x 51±15 anos) e entre diabético e não diabéticos (64±14 x 55±16 anos), p<0,001. A TFG inicial foi significativamente inferior nos indivíduos com HAS (68±30) e DM (65±30) comparada aos não hipertensos e não diabéticos (p<0,001). HAS e DM foram associados aos desfechos: VMI, IRA, diálise e óbito, com efeito fraco. Porém, a evolução para IRA se associou aos desfechos VMI, diálise e óbito, com efeito forte. O comprometimento pulmonar se associou à IRA, com efeito moderado. 

Conclusão

Observou-se alta prevalência de HAS associada à internação por COVID-19. DM e IRA também mostraram elevada frequência, associando-se com idade avançada e baixa taxa de filtração glomerular prévia. O mau prognóstico da COVID-19 está associado à presença de uma ou mais comorbidades, entre as quais, HAS. A evolução para IRA sinaliza desfecho desfavorável.