Dados do Trabalho


Título

Influência da hipertensão arterial na necessidade de terapia renal substitutiva em um ambulatório especializado em doença renal crônica

Introdução

A Doença Renal Crônica (DRC) é caracterizada por alterações morfológicas ou funcionais nos rins que persistem por mais de 3 meses. Globalmente, as principais causas da DRC são diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial (HAS), enquanto no Brasil a prevalência é inversa. A progressão da DRC para insuficiência renal crônica terminal muitas vezes requer terapia renal substitutiva (TRS).

Objetivo

Analisar as principais etiologias de DRC e TRS em pacientes admitidos em um serviço de saúde terciário especializado em doença renal crônica e os seus desfechos.

Método

Foi conduzido um estudo de coorte retrospectivo, incluindo pacientes admitidos em um serviço de nefrologia terciário de um hospital universitário de São Paulo entre 2010 e 2018. Foram avaliados dados demográficos, comorbidades, medicações em uso, taxa de filtração glomerular (TFGe) e exames laboratoriais. O desfecho principal foi a necessidade de TRS em 5 anos.

Resultados

Foram analisados 534 pacientes, com idade média de 69,4 anos, sendo 55,2% do sexo masculino. As principais etiologias da DRC foram HAS (35,2%), DM (27,5%), etiologia indeterminada (13,4%), nefrite intersticial crônica (12,3%) e glomerulonefrite crônica (GNC) (7,3%). A maioria dos pacientes (87,4%) tinha HAS e 44,2% apresentavam DM. Dos pacientes acompanhados, 22 (4,1% do total de pacientes admitidos entre 2010 e 2018) necessitaram de TRS em 5 anos. As principais etiologias entre esses pacientes foram DM (45,5%), GNC (22,7%) e HAS (13,4%), p=0,012 . Esses achados diferem da epidemiologia brasileira, que mostra HAS como principal causa de TRS (33%) seguida por DM (32%). Os resultados deste estudo aproximam-se mais da epidemiologia internacional. 64,4% dos pacientes utilizavam inibidor da enzima conversora de angiotensina (iECA)/bloqueador do receptor da angiotensina (BRA) na admissão.

Conclusão

A alta incidência de HAS e DM em um ambulatório de DRC especializado é evidente. Apesar da predominância de HAS (87,4%), o controle da pressão arterial, tanto farmacológico quanto não farmacológico, pode retardar a progressão da DRC, que representou 13,4% das etiologias nos pacientes que necessitaram TRS neste estudo.

Área

Hipertensão Arterial

Categoria

Estudos Epidemiológicos

Autores

Andre Kiyoshi Miyahara, Pedro Henrique Moretti Pepato, Alexandre Vizzuso Oliveira, Júlia Ferreira Rocha, João Vitor Bozza Maia, Vinícius Cavalcanti Diniz, Bruno Pellozo Cerqueira, Maria Amelia Aguiar Hazin, Maria Eugênia Fernandes Canziani, Miguel Angelo Goes