Dados do Trabalho


Título

Prevalência da hipertensão arterial não diagnosticada em pacientes pós-IAM: um recorte racial e de gênero em um Hospital Universitário

Introdução

O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a principal causa de morte no Brasil. Compreender a prevalência dos fatores de risco, como a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é essencial para o controle da doença. A HAS é um fator de risco e prognóstico para o IAM, mas sua prevalência em pacientes recém-infartados não é bem conhecida no Brasil. Dada a diversidade étnica brasileira, é crucial investigar se há influência de gênero e etnia na prevalência de HAS não diagnosticada em pacientes após IAM.  

Objetivo

Analisar a prevalência de pacientes com HAS diagnosticada somente após o IAM em um Hospital Universitário e a influência do gênero e raça nesta prevalência.  

Método

Estudo de coorte retrospectivo com pacientes que tiveram a primeira consulta pós-IAM a partir de maio de 2023. No primeiro atendimento, os pacientes relataram se tinham ou não HAS antes do IAM. As pressões arteriais sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram aferidas e analisou-se a prevalência de pressão arterial alta (PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg) em pacientes que desconheciam a HAS antes do IAM. Pacientes foram analisados por gênero e raça: branca, parda ou negra, outros (amarela ou indígena). Utilizou-se o teste qui-quadrado para análise estatística.  

Resultados

De 115 pacientes, 111 tiveram dados completos e foram analisados. A primeira consulta pós-IAM ocorreu, em média, 72 dias após o evento. Trinta pacientes apresentaram PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg e, destes, 8 desconheciam a HAS. Dos 30, 22 eram homens e 8 mulheres. Entre os homens hipertensos, 8(36,4%) não sabiam da HAS antes do IAM, enquanto todas as mulheres conheciam a condição. Na estratificação por raça, contando homens e mulheres, 11 pacientes eram brancos, 17 negros ou pardos, e 2 amarelos ou indígenas. Entre os brancos, 6(54,5%) desconheciam a hipertensão antes do IAM, entre negros e pardos, 2(11,8%) não sabiam. Todos os amarelos e indígenas tinham conhecimento da HAS. Pacientes brancos apresentaram 4,64 vezes mais risco de não saber da presença de HAS antes do IAM do que negros ou pardos (p<0,05).  

Conclusão

O estudo revelou que muitos pacientes não tinham ciência da hipertensão antes do infarto, principalmente homens e pessoas brancas. Na medida que brancos tinham maior risco de desconhecer a hipertensão antes do IAM, em contraste com negros ou pardos, assim como homens, na comparação com mulheres, a raça/etnia e o sexo podem ser potenciais influenciadores na ciência do diagnóstico de hipertensão em pacientes pós-IAM.   

Área

Hipertensão Arterial

Categoria

Pesquisa Clínica

Autores

Jaqueline Freire Cardoso, Julyane Cristina dos Santos Felicio, Ana Júlia Pinto Pereira, Hellen Cristina dos Santos, Isabella Gomes Maggessi, Maria Eduarda Santos da Veiga Sampaio, João Gabriel Tavares Motta Oliveira , Laura Celestino de Oliveira, Lara Lima Kleinsorgen Motta, Bruno de Souza Paolino