Dados do Trabalho


Título

A IMPORTÂNCIA DO CUT-OFF DA ALDOSTERONA PARA O DIAGNÓSTICO DE HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO: UM RELATO DE CASO DESAFIANDO NOSSAS DIRETRIZES

Apresentação do Caso

Paciente de 52 anos, sexo feminino, foi encaminhada para serviço de hipertensão arterial (HA) de hospital terciário de cardiologia por HA refratária, diagnosticada aos 18 anos, em uso de Captopril 150mg/dia, Hidroclorotiazida 50mg/dia, Nifedipino 60mg/dia, Espironolactona 25mg, Metildopa 1500mg/dia e Atenolol 100mg/dia. Referia antecedente de quatro gestações, com dois partos prematuros por pré-eclâmpsia e dois abortamentos. A investigação de HA secundária incluiu o doppler de artérias renais, a dosagem de metanefrinas urinárias e a polissonografia, todos sem alterações. O diagnóstico de hiperaldosteronismo primário (HP) foi afastado dosando aldosterona (11,2ng/dL) e atividade plasmática de renina (0,48 ng/mL/hora). Devido à persistência da refratariedade ao tratamento, a paciente foi submetida à denervação renal, porém sem melhora significativa nos anos seguintes. Ao longo do acompanhamento, optou-se por pesquisar novamente HP. Desta vez o resultado foi considerado positivo: aldosterona 28 ng/dL e atividade plasmática de renina 0,3 ng/mL/hora. Realizado teste confirmatório com furosemida endovenosa, com atividade de renina menor que 0,1 ng/dL/hora. A ressonância de adrenais não mostrou alterações evidentes e a paciente foi encaminhada para cateterização de veias adrenais e avaliação de lateralidade.

Discussão

De acordo com as diretrizes brasileiras de hipertensão, valores de aldosterona superiores a 15ng/dL, associados à atividade plasmática de renina suprimida e relação aldosterona / APR maior que 30 configuram rastreio positivo para HP, necessitando de exames subsidiários para confirmação. No caso relatado, a paciente apresentou no rastreio inicial valores de aldosterona <15ng/dL, levando ao afastamento de HP e sendo conduzida como HA primária refratária. Posteriormente, em função da contínua refratariedade ao tratamento, a hipótese de HP foi reconsiderada e um novo rastreamento levou à confirmação do diagnóstico. Muito embora valores de aldosterona >15ng/dL sejam considerados sugestivos de HP, estudos recentes indicam que até 30% dos casos de HP podem apresentar níveis de aldosterona entre 10 e 15 ng/dL.

Comentários Finais

A redução do ponto de corte de aldosterona deve ser considerada para aumentar a sensibilidade dos exames de rastreamento do HP, considerando que os pacientes serão submetidos a testes confirmatórios.

Área

Hipertensão Arterial

Autores

Marina Carvalho Giannini, Antônio Gabriele Laurinavicius, Bianca Fernandes Távora Arruda, Bruno Noschang Blaas, Bruno Pomárico de Oliveira, Rogerio Muylaert de Carvalho Britto, Márcio Gonçalves de Sousa, Fernanda Consolim Colombo, Fernando Cesena