Dados do Trabalho


Título

DESAFIOS NA GESTÃO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA GESTACIONAL EM PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

J.S.B, primigesta, 23 anos, gestação de 31 semanas e 5 dias, Rh positivo, relatou pressão de 140/80 mmHg. Com hipotireoidismo gestacional e lúpus eritematoso sistêmico diagnosticado aos 14 anos, esteve internada por síndrome colestática. Fez uso de micofenolato e azatioprina, suspensos. Em uso de hidroxicloroquina e levotiroxina. Apresentou fosfatase alcalina 332 U/L, ácido úrico 6,2 mg/dL, bilirrubina total 2,19 mg/dL (direta 1,47 mg/dL, indireta 0,72 mg/dL). Internada para vigilância devido ao alto risco. Novos exames mostraram GGT 101 U/L, fosfatase alcalina 385 U/L, LDH 441 U/L, creatinina urinária 166 mg/dL, proteína ++ na urina, e pressão de 140/90 mmHg. Ao toque vaginal, colo espesso. Administrou-se nifedipino 20 mg, betametasona e mantido metildopa. Ultrassom mostrou restrição de crescimento intrauterino, anidramnio, doppler com diástole alta e percentil <1. Diagnóstico de hipertensão gestacional com restrição de crescimento, pré-eclampsia. Administrado sulfato de magnésio. Encaminhada a cesárea devido as condições desfavoráveis ao feto, não houve intercorrências, feto nasceu vivo, sexo feminino, 1295 g, encaminhada à UTI neonatal pelo extremo baixo peso. Puérpera teve alta após três dias, com regressão do quadro.

Discussão

A gravidez em mulheres com lúpus eritematoso sistêmico (LES) apresenta uma incidência de complicações obstétricas e risco de mortalidade muito maior. O LES, uma doença autoimune com manifestações variadas, frequentemente afeta os rins, agravando complicações como hipertensão e insuficiência renal. A gestação não necessariamente exacerba o LES, mas requer planejamento cuidadoso. A hipertensão gestacional ocorre em 10% das primíparas, podendo evoluir para pré-eclâmpsia ou eclâmpsia. A paciente poderia evoluir para síndrome HELLP ou óbito fetal devido a crescentes alterações laboratoriais e condições desfavoráveis intrauterinas.  Deve-se atentar que a paciente fez uso de azatripina, uma droga de RISCO D, onde há evidências de risco em fetos humanos. Somente sendo utilizada se o benefício justificar o risco potencial.  

Comentários Finais

O caso clínico elucida a complexidade do manejo de gestantes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e a necessidade de acompanhamento especializado. A paciente exemplifica os desafios que podem ser enfrentados. O uso de imunossupressores e a vigilância constante de sua condição, ilustra o delicado equilíbrio entre o controle da atividade do LES e a mitigação de efeitos adversos na gestação necessárias para um desfecho positivo.    

Área

Hipertensão Arterial

Autores

Milena Almeida Pinheiro, Albiglace Campos Pinho, Marcelo Antônio Negrão Gusmão