Dados do Trabalho


Título

Impacto da sobrecarga de frutose em genitores: diferenças de sexo no perfil hemodinâmico e autonômico da prole

Introdução

A disfunção autonômica cardiovascular associa-se ao desenvolvimento de doenças cardiometabólicas. A sobrecarga de frutose nos genitores pode promover prejuízos autonômicos e cardiometabólicos na prole. Os efeitos da ingestão de frutose pelos genitores em parâmetros hemodinâmicos e autonômicos nos diferentes sexos da prole necessita melhor compreensão. 

Objetivo

Avaliar os perfis metabólico, hemodinâmico e autonômico de filhos de pais submetidos ao consumo crônico de frutose estratificado por sexos. 

Método

Genitores (ratos Wistar) foram submetidos à uma sobrecarga de frutose (10%) na água de beber ou dieta padrão por 60 dias prévios ao acasalamento, gestação e lactação da prole. A prole foi pesada ao nascer. Após o desmame, a prole foi distribuída em grupos controle machos (CM) ou fêmeas (CF) e frutose machos (FM) e ou fêmeas (FF), sendo avaliados 30 dias após. Parâmetros metabólicos (glicemia, triglicérides e sensibilidade à insulina) foram medidos em jejum com fitas reagentes. Os sinais de pressão arterial (PA) foram registrados de forma direta (Windaq, 2KHz). A modulação autonômica cardiovascular foi avaliada pela análise espectral por meio da variabilidade do intervalo de pulso (IP) [banda de baixa frequência – BF, banda de alta frequência – AF, e balanço simpato vagal BF/AF] e variabilidade da PA sistólica [VAR-PAS]. 

Resultados

O peso ao nascer foi menor em ambas proles frutose (FM 6,1 ± 0,06; FF 5,91 ± 0,05 g) comparadas às proles controles (CM 6,76 ± 0,12; CF 6,5 ± 0,10 g). Nas avaliações metabólicas, não houve diferença entre os grupos. A PA média foi maior na prole FF comparada à CF (FF 112 ± 2,92 vs CF 100 ± 1,49 mmHg); e a PA sistólica, a PA diastólica e a frequência cardíaca foram semelhantes entre os grupos. Sobre a variabilidade do IP, a prole FM apresentou redução banda AF (FM 66,44 ± 3,29 vs CM 80,69 ± 2,57 NU) e aumento na banda BF comparada à prole CM (FM 33,56 ± 3.29 vs CM 19,30 ± 2,57 NU), não houve diferença em BF/AF entre os grupos. Por fim, a VAR-PAS foi maior em ambos sexos frutose comparados aos sexos controle (FM 22,0 ± 2,62 vs CM 11,79 ± 1,34; FF 21,54 ± 1,24 vs CF 10,30 ± 1,47 mmHg2). Houve correlação positiva entre a VAR-PAS e a PAM nas fêmeas (r = 0.690, p<0.01), achado não observado nos machos (p = 0.13). 

Conclusão

A prole frutose, independente do sexo, apresentou maior variabilidade da pressão arterial, contudo apenas as fêmeas demonstraram incrementos de PA, sugerindo maior prejuízo cardiovascular neste sexo.

Área

Hipertensão Arterial

Categoria

Pesquisa Básica

Autores

Tânia Plens Shecaira, Camila Paixão, Danielle Silva Dias, Amanda Aparecida Araujo, Antonio Viana do Nascimento Filho, Nathalia Bernardes, Maria Cláudia Irigoyen, Kátia De Angelis