Dados do Trabalho
Título
OBESIDADE ABDOMINAL DINAPÊNICA ESTÁ ASSOCIADA COM A PRESENÇA DE SARCOPENIA, DEPLEÇÃO DE MASSA MUSCULAR E PREJUÍZO NO DESEMPENHO FÍSICO EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL
Introdução
Existem evidências de que obesidade abdominal dinapênica (OAD) está associada com maior risco de quedas, declínio funcional e doenças cardiovasculares (DCV). Apesar dos receptores de transplante renal (RTR) apresentarem elevada frequência de obesidade, sarcopenia e fatores de risco para DCV (FRCV) até o momento essa condição ainda não foi avaliada nestes pacientes.
Objetivo
Avaliar a frequência de OAD e sua associação com composição corporal, FRCV e sarcopenia em RTR.
Método
Estudo transversal com RTR adultos. Avaliação antropométrica incluiu índice de massa corporal (IMC) e razão cintura estatura (RCE). Composição corporal avaliada por impedância bioelétrica (BIA) e absorciometria radiológica de dupla energia (DXA). Taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) pela equação CKD-EPI. Velocidade de marcha (VM) avaliada pela caminhada de 6m (depleção ≤0,8m/s). Presença de OAD: obesidade abdominal (OA; RCE >0,52 homens e >0,53 mulheres) + dinapenia (DIN; Força de preensão manual <27kg homens e <16kg mulheres). Diagnóstico de sarcopenia (SARC; EWGSOP2): DIN + baixo índice de massa muscular esquelética apendicular (IMMEA) avaliada por DXA (<7.0kg/m2 homens e <5.5kg/m2 mulheres). Os FRCV incluíram obesidade segundo IMC, hipertensão, diabetes e dislipidemia.
Resultados
Incluídos 185 RTR, 59% (n=100) homens, com 47±11 anos, 113±87meses pós TxR, e TFGe: 55±21mL/min. A frequência de OAD, OA e DIN foram, respectivamente, 9,7% (n=18), 66% (n=122) e 22,3% (n=41). Comparando os grupos (com vs. sem OAD, respectivamente), observou-se valores mais elevados (p<0,05) de: idade (54±9vs.47±11anos); e mais baixos de (1) variáveis da BIA: ângulo de fase (5,9±1,2vs.7,5±3,0º) e massa magra (44±10vs.51±11kg); (2) variáveis da DXA: massa muscular (MM) total (39±8vs.45±9kg), MM esquelética apendicular (17±4vs.20±5kg); IMMEA (6,7±1,0vs.7,4±1,4kg/m2); e (3) VM (0,90±0,19 vs.1,05±0,20m/s). A OAD se associou com maior frequência de SARC (50vs.7%), prejuízo MM (50vs.25%) e VM (28vs.8%). Não houve diferença (p≥0,05) entre os grupos (com/sem OAD) em relação a presença de obesidade (11vs.17%), hipertensão (89vs.85%), diabetes (33vs.20%) e dislipidemia (83vs.79%); e as variáveis de adiposidade corporal obtidas com BIA e DXA.
Conclusão
A OAD, que pode ser avaliada de forma relativamente fácil, está associada com a presença de fatores associados com pior prognóstico em RTR como depleção de MM avaliada por DXA e BIA, baixo desempenho físico e SARC, podendo ser clinicamente útil.
Área
Hipertensão Arterial
Autores
Ana Paula Menna-Barreto, Mariana Silva Costa, Michelle Rabello Cunha, Karine Scanci Silva Pontes, Marcella Rodrigues Guedes, Mariana Ribeiro Portugal, Giovana Ferreira Silva, Elânia Costa Oliveira, Maria Inês Barreto Silva, Marcia Regina Simas Torres Klein