Dados do Trabalho


Título

A influência da espiritualidade na depressão, na ansiedade e na pressão arterial aferida por MRPA em hipertensos essenciais e hipertensos resistentes

Introdução

A hipertensão arterial (HA) é uma condição cuja literatura aponta para os novos fatores de risco, como a religiosidade/espiritualidade (R/E) e a saúde mental (SM). Porém, inexistem análises sobre a R/E no fenótipo extremo da HA, a hipertensão resistente (HR)

Objetivo

Investigar a influência do bem-estar espiritual (BEE) na SM e na pressão arterial (PA) de hipertensos essenciais (HE) e HR

Método

Estudo observacional transversal com protocolo padrão de registro de dados sociodemográficos, fatores de risco cardiovascular (FRCV), aferição da PA (MRPA), avaliação da SM e R/E. Para depressão utilizou-se o Pacient Health Questionnarie-9 (PHQ-9 rastreio:≥10); ansiedade o Transtorno de Ansiedade Geral-7 (GAD-7 rastreio:≥10) R/E o Módulo Espiritualidade, Religiosidade e Crenças Pessoais (WHOQOL-SRPB, BEE>39 pontos). Com o SPSS 26®, foi aplicado Qui-quadrado, regressão linear, regressão logística binária e correlação de Pearson, considerando nível de significância de 5%

Resultados

Incluídos 69 participantes (60,9% HE e 39,1% HR). Média de idade foi de 47,5 ± 11,5 anos, 52,2% eram do sexo feminino, negros e pardos a maioria (60,9%). Do total, 23,2% não tinha ocupação, sendo 11,9% entre os HE e 40,7% entre os HR (p<0,05). Dos FRCV, 50,7% da amostra apresenta dislipidemia e 23,2% diabetes. Rastreio positivo para depressão no grupo HE e HR foi de 44,7% e 46,2%, respectivamente e ansiedade foi de 36,8% no grupo HE e 50% no HR. Baixo BEE, comparado à alto BEE, associou-se com maior prevalência de depressão (87% vs 33%, p < 0,005) e ansiedade (66% e 35% p<0.05) na amostra. Maior score de BEE figurou efeito protetor para depressão no grupo HE (OR:0,863; IC95%:0,763-0,976; p=0,019) e HR (OR: 0,811; IC95%:0,694-0,946; p=0,008), além de se relacionar de forma inversa com a gravidade de sintomas depressivos no fenótipo HE (R=0,492; R²=0,242; p=0,002) e HR (R=0,761; R²=0,579; p<0,001). Maior BEE reduziu as chances de ansiedade no grupo HR (OR:0,86;IC95%: 0,765-0,975; p=0,018) e se associou a menor gravidade de sintomas ansiosos no grupo HR (R=0,448; R²=0,201; p<0,001). Ao estratificar segundo BEE, alto BEE associou-se com menores médias de PAD de consultório (96±18 vs 88±12 p<0,05), PAD de 6 dias na MRPA (90±9 vs 83±9, p<0,05), PAD matinal na MRPA (91±10 vs 83±10 p<0,005) e PAD vespertina na MRPA (89±10 82±8 p<0,05)

Conclusão

Observa-se, de forma inédita, possível associação entre BEE e menores índices de depressão, ansiedade e PA emHR , variáveis essas relacionadas a pior desfecho cardiovascular

Área

Hipertensão Arterial

Categoria

Pesquisa Clínica

Autores

Joao gabriel vallaperde, Pedro Bastos Medeiros, Elizabeth Silaid Muxfeldt, João Márcio Motta